17 de janeiro de 2011

O tempo e eu

Postado por Amanda Mirasierras na segunda-feira, janeiro 17, 2011
Semana passada eu fui (de ônibus) fazer uma entrevista de emprego. Cabelo arrumado, maquiagem leve, calça de alfaiataria, camisa e salto. Sentei no último banco, aquele que tem uns cinco assentos juntos, e ao meu lado, encostada na janela, havia uma garota de uns 17 anos.

Quase não era possível ignorar a sua presença porque o som do MP4 ultrapassava os fones de ouvido (embora eu não tenha conseguido identificar que rock ela ouvia). Notei que ela me olhou com o canto dos olhos, mas continuou olhando em frente, com aquela postura blasé que as adolescentes costumam ter quando estão próximas dos adultos.

Então eu percebi como o tempo faz com que a gente mude de postura, de atitude, de visual. Na verdade não é só culpa do tempo; conforme ele passa, a gente vai vivendo uma série de acontecimentos e vai mudando. Mas é difícil identificar as mudanças enquanto elas acontecem, e talvez a gente só se dê conta quando encontra alguém que é o que a gente um dia foi.

Quando era mais nova, eu fui como aquela menina. Eu andava de ônibus com os rocks quase ensurdecendo meus pobres ouvidos e não entendia algumas mulheres que saíam por aí tão arrumadas. Meu uniforme oficial era calça jeans escura, All Star e alguma blusinha comprada nas promoções da Renner, em geral pretas e estampadas. De vez em quando, uma camisetinha de banda. E se estava frio, provavelmente havia um moletom ou alguma jaqueta mais pesada - cuja única função era mesmo me aquecer - por cima.

Quase sempre usava o cabelo pintado de algum tom de vermelho, e às vezes estava de óculos. Daqueles com armação escura de acetato. Mas era raro, porque embora eu não fosse exatamente um ícone da vaidade, detestava sair de casa sem as lentes de contato. Brincos, só pequenas argolinhas prateadas nos vários furos das orelhas. E maquiagem? Nunca! No máximo a famosa base em bastão do Avon (que por sinal eu uso até hoje) para disfarçar os efeitos da minha pele que sempre foi ultra sensível avermelhada. Às vezes, um gloss cor de boca e só.

Naquela época eu não tinha sapatos de salto. Só uma bota de salto quadrado, que usava no inverno, e um ou dois pares de sandálias que em geral eram compradas para ocasiões específicas, como formaturas. Bolsa, era uma jeans escura, tipo carteiro, que eu usava no cursinho, e mais uma ou duas que eu usava "para sair".

Assim como a minha vizinha de ônibus, eu era muito branquinha. Porque só saía de casa para a escola/cursinho e voltava.

E hoje, quase dez anos depois, eu tenho uma bolsa de cada cor. Um monte de sapatos - e nem por isso deixo de desejar um par novo quando o vejo na vitrine. Roupas para qualquer ocasião. Vários tipos de maquiagem, com os acabamentos da minha preferência. Pele mais queimada de sol porque preciso sair muito de casa. E as minhas músicas preferidas estão em algum lugar do computador.

Outro dia, num fim de semana, eu fui me vestir para sair e escolhi uma calça jeans mais baixa, All Star vermelho e blusa engraçadinha. Aí a blusa parecia curta, porque deixava um pedacinho mínimo da barriga aparecendo. Eu me olhei no espelho e não entendi muito bem o desconforto, mas havia alguma coisa fora de lugar. Troquei de roupa e fui embora.

Eu sei que poderia viver perfeitamente bem com a metade das roupas, sapatos e bolsas que tenho, como vivia há 10 anos atrás. Mas aquela atitude de quem não se importa, aquela postura de quem não está nem aí, essa eu acho que não volta mais.

4 comentários:

Tata on 17 de janeiro de 2011 às 16:08 disse...

Eu ainda acho all star jeans e blusinha a coisa mais confortavel do mundo! Mas, de resto, tudo mudou mesmo...

Ci on 17 de janeiro de 2011 às 21:42 disse...

Eu acho que eu ainda estou em transição...

Anônimo disse...

Olá Amanda!

Já faz algum tempo que não deixo nenhum comentário no blog, mas como me identifiquei muito com esse post, resolvi deixa um recadinho, as vezes não sei bem como eu sou, sei que o tempo passou e aquela fase despreocupada também foi embora, bom praticamente ando sempre de jeans e all star ou as vezes troco pela melissa e alguma camisetinha que acho que fica bom,sei lá acho que me desapega dessa minha identidade seja um pouco difícil ainda, essa sou eu quando me olho no espelho, lógico que quando saio me produzo toda e subo no salto rs.... mas é quase um personagem posso dizer assim, meu guarda roupa mudou um pouco com o tempo, unhas vivem pintadas hoje em dia, a preocupação com o cabelo e a pele são absurdas rs....e eu uso óculos sempre, pq me sinto mais eu assim, mas pra sai tb prefiro lentes, quanta contradição né, mas as vezes nem eu me entendo, acho que fico meio confuso o comentário mas enfim sei que o tempo vai passando e eu vou me descobrindo, bom só pra vc saber tenho 26 anos e as vezes ainda me sinto nessa transiçao tb......

Alessandra

Mia disse...

É estranho como a gente se encontra em tantas ocasiões. De fato a gente nunca será a mesma! Mas é tão bom lembrar como éramos. Dá uma saudade de um monte de coisas, e no futuro, estaremos sentindo saudades do que vivemos agora.

Bjs querida!! te adorooo

saudadeeee

 

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