5 de abril de 2010

Bloco do eu sozinho

Postado por Amanda Mirasierras na segunda-feira, abril 05, 2010
Não sou grande fã de Sex and the City, mas lembro de um episódio em que a Miranda faz uma cirurgia nos olhos e não pede ajuda a ninguém. Ela não admite que o próprio namorado a ajude nessa fase de cegueira temporária, e acaba cedendo só quando percebe que não vai mesmo conseguir se virar totalmente sozinha.

Embora algo assim possa parecer absurdo fora da ficção, confesso que entendo esse comportamento. Eu tenho mania de fazer tudo sozinha. Sempre tenho certeza que vou dar conta, fico sobrecarregada e acho tudo muito normal. E quando falamos de homens, então, parece que caí em São Paulo vinda diretamente de um curso de sobrevivência.

Tive que me controlar muitas vezes para não chamar o garçom ou pedir a conta quando comecei a sair com o meu namorado. E nas primeiras vezes em que ele fez o pedido, "PARA ELA, um expresso puro", a única coisa que me fez não dar a mão ao garçom e completar dizendo "eu sou ELA, muito prazer" foi aquela mágica educada do começo dos relacionamentos.

Outro exemplo? Muito cavalheiresco abrir a porta do carro, não é? Mas eu tenho duas mãos e sou capaz de abrir sozinha, muito obrigada. Sou até capaz de sentar no banco com a minha própria bunda, veja que progresso.

Embora um comportamento independente seja perfeitamente aceito entre os homens, nem sempre é visto com bons olhos quando vindo de uma mulher. Se a mulher tem pulso firme, ih, tem coisa aí. No mínimo, é mal amada. Porque mulher de verdade tem que ser delicadinha, tem que ser sensível, tem que ter aquela ponta de dependência para fazer com que o macho sempre se sinta macho. Você sabe usar ferramentas? Hum...

Eu não sei se algumas mulheres já nascem com a semente do feminismo pronta para despontar, ou se acaba sendo uma maneira de assumir a própria vida. Não sei se é algo a ser admirado ou se é apenas intimidador. Ou pode ser que crescer sabendo que meu pai queria muito que eu fosse menino fez com que eu sempre me esforçasse para fazer tudo sozinha (e melhor do que todo mundo). Sei que, ao contrário de boa parte da população feminina, as delicadezas sempre me incomodaram demais.

Ter um perfil atribuído aos homens não fez de mim a mulher mais popular do mundo - nem entre os homens e muito menos entre as mulheres. Sempre percebi os olhares atravessados e sei que não duvidaram da minha heterossexualidade porque poucas vezes estive sem namorado. Mas não é nada fácil ser assim num mundo machista.

Enquanto a maioria das mulheres precisa lutar contra uma educação cor de rosa, eu precisei entender que aceitar ajudas ou mimos não é uma prova cabal de incapacidade. Às vezes é só carinho e cuidado. Aprendi a deixar meu namorado chamar o garçom e pedir a comida que eu escolhi, aprendi a deixar que a porta do carro seja aberta e talvez um dia eu aprenda que ter o telefone da seguradora pode ser melhor do que se sujar trocando o pneu. E agora já nem me sinto tão mal por isso.

3 comentários:

Tata on 5 de abril de 2010 às 12:47 disse...

Ai eu acho um absurdo esse negócio de abrir a porta do carro!!! Prefiro que me mimem com flores!

Ci on 6 de abril de 2010 às 08:29 disse...

Eu gosto de ser mimada!

E canso de ter que ser uma mulher independente!

Mas não são tão mimada quanto gostaria...

Sheila disse...

Estou contigo Amanda.
Falam que eu tenho composições masculinas,de tanto que eu vou lá e faço tbm. Namorar pra mim é um aprendizado, pq sempre qdo eles estão vindo pra ajudar, eu ´já terminei o serviço. Inclusive trocar pneu. Mas aprendi que em certos momentos temos q ser mais feministas, os homens adoram sentir q estam no comando e que a gente é a tontinha que gosta de ser a mimada; Então de vez enquando vale fingir... Tô aprendendo!

 

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