24 de agosto de 2009

Momento mulherzinha

Postado por Amanda Mirasierras na segunda-feira, agosto 24, 2009
O meu momento mulherzinha não tem a ver com tratamentos de beleza, tendências de moda ou problemas de relacionamento. Hoje, o meu momento mulherzinha é sobre a minha vida inteira.

Eu acho fantástico que as mulheres estejam ocupando cada vez mais gerências e diretorias de grandes empresas. Tenho o maior orgulho de fazer parte de um gênero que deu a cara a tapa, se desdobrou em mil e conseguiu galgar patamares supostamente inatingíveis. Mas venho hoje admitir publicamente que não, eu não tenho ambição de ir tão longe.

Veja, é uma posição exclusivamente minha. Não é um conselho, uma crítica ou uma indicação de auto-ajuda, mas eu não sinto necessidade alguma de um dia ocupar um cargo alto. Como já disse o sábio avô do Peter Parker, grandes poderes exigem grandes responsabilidades. E aí eu decidi que não quero nada de grandes poderes.

Ser grandioso dá muito trabalho. Você se envolve com milhares de coisas ao mesmo tempo, é responsável por setores e pessoas, é obrigado a dedicar muito mais tempo além do comercial para o trabalho, tem que escutar um monte de abobrinhas e vive nervoso por problemas que, convenhamos, nem são realmente seus. Essa loucura worhaholic não me agrada mais.

Há algum tempo eu pensava nisso sim. Achava que para ser bem sucedida eu deveria subir cada vez mais e ter um salário cada vez maior. Um salário que pudesse me oferecer uma casa linda, um carro muito confortável, passeios para os lugares que eu escolhesse e viagens todo ano. Sim, tudo isso ainda me soa extremamente interessante. Mas quer saber? Eu não quero tanto.

Nessa minha ainda curta vida profissional, eu tenho convivido com os mais diversos exemplares de profissionais. E cada vez mais eles se parecem menos com pessoas. Pode reparar: se você perguntar a alguém "o que você é?", a resposta imediata será referente a profissão. Eu sou jornalista, engenheira, bancário, secretária, professor. Ah, é? Pois eu sou a Amanda e pretendo continuar sendo.

Minha defesa não é pela casa arrumada ou pelos filhos contentes que uma carreira menos extenuante pode oferecer. É pela vida. É pelo prazer de ter tempo para ser o que se quer realmente ser: leitora, escritora, namorada, espectadora, filha, visitante, estudante, cozinheira, turista, aprendiz, artesã, amiga, pintora. É pela minha grande necessidade de sentir que estou levando uma vida feliz, e não carregando um punhado de obrigações.

Eu estou cansada de contar os dias para o final de semana. São cinco dias de obrigações, irritações e metrô lotado, e dois dias para viver de verdade. Se eu não nasci bióloga, por que aquele papel de letras douradas me obriga a esquecer quem sou?

A minha defesa é pelo desapego. Pelo "ter menos para ser mais". Porque eu sei que sou mais feliz com meus livros e DVDs do que com uma roupa nova. Porque eu descobri que um Celta pode me levar aos mesmos lugares que um Stilo. Porque o prazer que eu sinto ao jantar num restaurante bacana é o mesmo de dividir uma pizza com os meus amigos. E eu confesso que prefiro trabalhar menos, ganhar menos e viver mais do que trabalhar o dia inteiro, ganhar um super salário e nunca encontrar oportunidade de usufruir daquilo que o dinheiro tem a me oferecer (e eu sei bem que o dinheiro tem muitas coisas boas para me oferecer).

Eu bato o carimbo com a certeza de que, se eu realmente quisesse, poderia ter um excelente emprego e um salário muito mais confortável. Mas eu acho que não teria mais tempo de manter três blogs atualizados, ou de sair para bater papo com as minhas amigas numa quarta-feira, ou de tirar um cochilo sem culpa após o expediente. E eu acho que, se assim fosse, eu seria a bióloga rica mais infeliz do mundo.

"Eu gosto. Eu uso. E eu tenho um pouco, que guardo num pote sobre a geladeira." Robbie (Adam Sandler) em Afinado no Amor, sobre o dinheiro

2 comentários:

Ci on 24 de agosto de 2009 às 16:52 disse...

Viu, não é difícil de entender...

A gente precisa achar o que dá muito prazer, o suficiente de dinheiro e tempo para sermos todas as outras coisas que somos.

Tata on 24 de agosto de 2009 às 17:12 disse...

(Ah, a Cindy tá viva!)

Eu tenho mt mais prazer dividindo uma pizza com meus amigos que nos restaurantes caros!

Concordo com vc... eu só quero ter um pouco de dinheiro, só um pouco e eu já fico feliz! Eu sei bem como essa vida de trabalhar mais do que o seu horário pode ser estressante!

 

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